terça-feira, 7 de abril de 2009

Realizador do mês #2

Abel Ferrara

Nascido a 19 de Julho de 1951, Abel Ferrara viria a tornar-se um dos maiores realizadores independentes do cinema americano. Ferrara é católico e a sua religião é algo que acabaria por tornar-se importante para a sua carreira. No conservatório de cinema, realizou vários trabalhos e, ao sair, viu-se sem trabalho, o que o levou a entrar no mundo pornográfico, realizando um filme com o nome de Jimmy Laine.
Em 1979, Ferrara consegue chamar a atenção. Criando uma versão diferente de Taxi Driver, o cineasta cria The Driller Killer, a história dum artista, interpretado pelo próprio Ferrara, que começa a matar pessoas com uma perfuradora. O filme tornou-se um clássico Grindhouse e é hoje considerado um filme de culto. As atenções viraram-se para Ferrara, permitindo-lhe fazer o seu próximo projecto.
MS.45 foi realizado em 1981 e trata-se dum filme de vingança, em que uma rapariga decide ir atrás dos seus violadores e castigá-los de forma severa. O filme acaba por ser 'exploitation' puro e dava-nos uma visão de Nova Iorque crua e fria. O filme era interpretado pela desconhecida Zoë Tamerlis, que voltaria a trabalhar com o realizador anos depois, escrevendo Bad Lietenant. Zoë acabaria por falecer em 1999, de overdose. Tanto The Driller Killer com MS.45 foram aclamados pela critíca, que descobriam em Ferrara um novo talento. E com estes sucessos critícos, Ferrara pôde realizar o seu primeiro projecto de grande orçamento, o filme Fear City, em 1984. O filme tratava-se dum thriller com Tom Berenger, Melanie Griffith, Billy Dee Williams e Maria Conchita Alonso. O filme foi lançado directamente em video e é, até hoje, considerado um dos piores filmes do cineasta.
Depois do seu fracasso num filme de grande orçamento, Ferrara foi para o mundo da televisão, colaborando duas vezes com Michael Mann. Primeiro foi o episódio piloto da mitíca série Crime Story (1986), onde ferrara filmaria, de forma espectacular, um tiroteiro. A cena utilizaria uma grua e seria vista de cima, dando uma visão inacreditável da acção. Muitos compararam este plano com os trabalhos de Sam Peckinpah e Howard Hawks. Ferrara realizou em 1985 dois episódios da clássica série Miami Vice, cada episódio situado nas primeiras duas temporadas.
Após o seu trabalho em televisão, Ferrara realizou China Girl , uma versão moderna de West Side Story. O filme foi estreado em 1987 e marcou o regresso do realizador ao cinema independente. Em 1989, filma Cat Chaser, um filme não muito recebido pela critíca.
1990. Estreia King of New York. Ferrara reúne um elenco de luxo (Laurence Fishburne, Wesley Snipes, David Caruso), liderado por Christopher Walken, marcando a primeira colaboração entre o realizador e o actor. O filme dá a Ferrara as melhores critícas da sua carreira e é hoje um filme de culto.
Após o seu grande êxito com King of New York, Ferrara realiza Bad Lietenant, um drama urbano e polémico, que marca a sua primeira colaboração com outro grande actor: Harvey Keitel. O filme é bastante violento e crú mas torna-se num dos seus maiores êxitos junto da critíca, dando tanto a Keitel como a Ferrara uma nomeação aos Independent Spirit Awards. O filme foi um dos primeiros a receber a classificação NC-17.

Depois dos seus dois maiores êxitos da carreira, Ferrara realizaria dois filmes com orçamento maior. O primeiro foi Dangerous Games, um drama com Madonna e (novamente) Harvey Keitel. O filme foi mal recebido pela critíca e as vendas de bilhetes foram afectadas pela má publicidade feita ao filme por uma das suas estrelas: Madonna. A obra marca a primeira vez que Ferrara começa a montar os seus filmes duma forma mais única e com uma estética energética, fuginda um pouco da montagem convencional, presente nas suas obras anteriores.

O seu filme seguinte foi Body Snatchers, um remake de Invasion of the Body Snatchers (a terceira adaptação cinematográfica da obra de ficção científica). O filme é o prmeiro que Ferrara realiza para um grande estúdio (a Warner Bros.) e esteve presente no Festival de Cannes, fazendo parte da selecção oficial. O filme, apesar de ter sido bem recebido pela maioria da critíca, teve uma estreia bastante limitada nos Estados Unidos. Body Snatchers foi considerado um filme de terror eficaz e tinha no elenco actores como Gabrielle Anwar e Forest Whitaker.

1995. O regresso ao cinema independente. Ferrara realiza o filme de vampiros The Addiction. O cineasta reúne, uma vez mais, um elenco de luxo (com grandes nomes do cinema independente americano) tais como Lily Taylor, Annabella Sciorra e Christopher Walken. O filme, todo a preto e branco, é um estudo sobre o mal, representado por alguns dos eventos mais famosos do século XX. Ferrara mistura arte com filosofia de forma hábil. O filme foi um grande regresso do realizador, com excelentes critícas.

No ano seguinte, surge The Funeral, novamente com elenco de luxo: Christopher Walken, Vincent Gallo, Annabella Sciorra, Chris Penn, Benicio Del Toro e Isabella Rossellini. Trata-se dum drama poderoso, centrado numa família de gangsters, que estão no funeral dum dos seus. Walken é o chefe da família e tem uma forte vontade de vingança. O filme deu a Ferrara a nomeação para melhor realizador Nos Independent Spirit Awards, foi nomeado para o Leão de Ouro em Veneza, onde ganhou outro prémio. The Addiction foi nomeado para melhor filme no Festival de Berlim e, em 1996, Ferrara ganhou o prémio de melhor realizador nos Gotham Awards.
Em 1997, Ferrara estreia Blackout, com Matthew Modine e Dennis Hopper. No mesmo ano, contribui para o filme para televisão da HBO Subway Stories.
Em 1998, surge New Rose Hotel, com um trio de luxo: Christopher Walken, Willem Dafoe e Asia Argento (filha do mestre do terror italiano Dario Argento). O filme é nomeado para o Leão de Ouro em Veneza e ganha dois prémios.
Tendo passado três anos após a sua última obra, estreia R Xmas, com Drea de Matteo e Ice-T. Nos cinemas em 2001, o filme dividiu a critíca. No entanto, muitos consideraram este um regressa em grande do cineasta.
Estamos já na era do DVD. E os filmes de Ferrara começam a ter várias edições lançadas no mercado. Ferrara decide gravar comentários audio para duas das suas obras mais conhecidas: The Driller Killer e King of New York. E é depois que se lança para a realização do seu próximo projecto.
Mary estreou no Festival de Veneza em 2005 e tem no elenco nomes como Juliette Binoche, Forest Whitaker, Marion Cotillard, Matthew Modine e Heather Graham. Trata-se dum épico religioso (e a religião é algo muito presente no cinema de Ferrara), com uma história dividida em vários enredos, onde uma actriz (Binoche) será protagonista dum filme sobre Jesus, no papel de Maria Madalena, com a qual a actriz ficará obsecada. O filme tem a Ferrara algumas das suas melhores critícas em anos e ganhou o Grande Prémio do úri em Veneza. Deu ao realizador a sua terceira nomeação ao Leão de Ouro em no mesmo festival. Apesar de ter sido exibido no Festival Internacional de Toronto, o filme ainda não foi distribuído nos stados Unidos, nem sequer em DVD.
2007. Ferrara volta a trabalhar com Willem Dafoe na comédia Go Go Tales (o filme estreia entre nós esta semana, no dia 9 de Abril, que teve passagem no ano passado pelo Indie Lisboa). A
Dafoe junta-se Bob Hoskins (na foto à esquerda). O cineasta dirigiu o documentário Chelsea on the Rocks, que estreou fora de competição no Festival de Cannes de 2008 e para breve está a prequela de King of New York, onde Michael Pitt (Funny Games US) irá interpretar a versão mais nova de Frank (a personagem de Christopher Walken) e o rapper Nelly terá o papel antes interpretado por Laurence Fishburne.

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