sexta-feira, 30 de julho de 2010

A conversa terminou...

António Feio, descansa em paz. Obrigado pelos bons momentos.

Toy Story 3, de Lee Unkrich (2010)

11 anos depois de Buzz Lightyear derrotar Zorg e de Woody conhecer e derrotar Stinky Pete, os bonecos mais famosos do mundo estão de regresso.
Andy está agora 11 anos mais velho e prestes a ir para a faculdade. Quando arruma os seus velhos brinquedos num saco de plástico (à excepção de Woody) e depois deste ir parar, acidentalmente ao lixo, Woody decide ajudar os seus velhos amigos. No entanto, acabam por ir parar a uma creche. Pensanso tratar-se dum paraíso, todos decidem ficar por lá menos Woddy, que ainda está determinado a ficar com Andy. No entanto, Sunnyside (a creche) não é o que Buzz e companhia pensam.
Depois de dois filmes de animação soberbos e históricos, os bonecos de Toy Story regressam para esta terceira (e talvez última) aventura. E que regresso!
A animação, como seria de esperar, é um delírio para os olhos, cada vez melhor. A nível de argumento, temos uma história bem conseguida, que consegue divertir-nos, emocionar-nos e tocar-nos. E mais uma vez a Pixar cria uma obra de animação para adultos que as crianças também podem ver.
Toy Story 3 é mais um exemplo do que a Pixar consegue fazer muito bem: entreter o público, com inteligência e coração. Os momentos finais do filme são extremamente tocantes, capazes de levar adultos às lágrimas, pela ternura e magia que proporcionam.
Toy Story 3 é uma grandiosa despedida destas personagens que marcaram a infância de muitos adultos e que assim o farão nos próximos anos. E se esta é realmente a última aventura de Woody, Buzz e companhia, então temos uma das maiores despedidas do cinema, com gargalhadas à mistura, sem nunca largar-nos o lado sentimental.
O filme de animação de 2010, um dos melhores do ano (e felizmente, o maior blockbuster do ano nos E.U.A., bem merecido e vencedor da corrida entre Shrek e Toy Story) e uma obra que certamente ficará para a história, concluindo aquela que é, inesperadamente, uma das grandes trilogias do cinema. Inesquecível!

P.S.: Apesar disso, não consegue ultrapassar a grandeza de Wall.E. Destaque para o hilariante Ken e para Buzz mexicano (hilariante!).
Para o ano, os brinquedos regressam, numa curta-metragem qu virá com as cópias do próximo filme da Pixar (em princípio será Cars 2)

Street Kings, de David Hayer (2008)

Keanu Reeves interpreta um polícia que não tem medo de sujar as mãos, fazendo certos trabalhos que muitos colegas têm medo de executar. No entanto, o seu velho parceiro está prestes a denunciar certas actividades menos próprias por parte de colegas seus. Quando este é violentamente morto, o principal suspeito acaba por ser Reeves.
Realizado por David Hayter (a voz de Solid Snake nos jogos Metal Gear Solid e argumentista de Training Day), Street Kings reúne um pequeno grupo de actores: Reeves, Forest Whitaker, Hugh Laurie e Chris Evans.
A realização de Hayter é competente o suficiente para acompanhar o bom ritmo que nos apresenta. O argumento co-escrito por James Ellroy é, como foi escrito acima, recheado de clichés e sem grandes surpresas e com diálogos algo desnecessários e mal conseguidos. O grande trunfo deste Street Kings é o bom ritmo e o entretenimento razoável que acaba por proporcionar. É pena o over-acting de Whitaker no final (um bom actor consegue melhor que aquilo) e os twists serem tão previsíveis. A vantagem era já estar à espera de tal coisa acontecer.
Resumindo, Street Kings é um policial mediano, com alguns momentos bem conseguidos (como escrevi, o ritmo e também as cenas de acção são dois exemplos), resultando num filme que vê-se bem e esquece-se rápido. Um junk movie que entretém enquanto se vê, o que muitos não conseguem.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Legion, de Scott Charles Stewart (2010)

Um anjo vem à Terra para ajudar um grupo de pessoas a sobreviver ao apocalipse que está prestes a chegar. No entanto, dentro desse pequeno grupo de pessoas, encontra-se a esperança para a sobrevivência da raça humana.
Legion é um filme de acção e que apresenta uma ideia algo interessante. No entanto, acaba por ser mais um caso onde a pobre execução (e neste caso, o próprio argumento) faz com que esta seja uma ideia extremamente mal aproveitada. O argumento e os diálogos são péssimos, a realização é básica e as próprias cenas de acção ora são mal filmadas, ora são mal feitas. E nem o elenco (que tem alguns actores de jeito, como Paul Bettany, Dennis Quaid e Charles S. Dutton) se safa, no meio de tanta coisa mal feita neste Legion.
Legion é, claramente, mais um caso onde uma boa ideia foi parar (neste caso, pensada) pela pessoa errada. Um pobre filme de acção, onde não são muito os momentos de destaque.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

The Fourth Kind, de Olatunde Osunsanmi (2009)

Depois do homicídio do seu marido, a psiquiatra Abbey Tyler (Milla Jovovich) pede ajuda a um colega de profissão para sessões de hipnose. Determinada a continuar com o trabalho de investigação do seu marido, Abbey regressa à pequena cidade onde mora, Nome, no Alaska. E é em sessões com pacientes seus que descobre que algo de bastante invulgar está a ter lugar na pequena localidade.
The Fourth Kind aborda o misterioso tema dos raptos por parte de extra-terrestres e, como no poster é-nos dito, é baseado em casos de estudo verídicos. E a equipa do filme quer vender a história do filme como sendo um caso verídico. Como o faz? Conta-nos a versão ficcionalizada, protagonizada por Milla Jovovich enquanto vai-nos apresentando, em simultâneo, as entrevistas à Abbey Tyler 'real' e várias gravações 'verídicas' das sessões realizadas por Abbey aos seus pacientes 'reais'.
E é exactamente aí que reside o grande problema do filme: a forma barata como tenta vender a história como sendo verdadeira quando os relatos e as gravações 'reais' são claramente ficciondas (o entrevistador da Abbey 'real' é o realizador) e tal é feito de forma evidente, fazendo com que o espectador nuunca acredite na história que nos estão a contar.
É certo que é uma forma diferente de contar uma história. No entanto, não é um acontecimento verídico, não havendo assim necessidade de fazer tal artimanha.
As cenas do filme protagonizado por Jovovich (ou seja, as cenas inspiradas na história supostamente real) não são más, apesar de vários defeitos, e chegam a ter bastante efeito (os momentos em que as personagens estão possuídas por entidades extra-terrestres são algo arrepiantes). No entanto, os bons momentos estão rodeados por momentos de má representação (os momentos com a Abbey Tyler 'real' são fracos, com uma actriz insonsa e nada credível) e a realização do filme acaba por ser fraca e vulgar.
The Fourth Kind é mais um filme com uma ideia interessante que deveria ter sido explorada de forma diferente e mais competente, sem querer vender uma ideia falsa de história verídica de forma tão descarada ao seu público. No entanto, ainda encontramos alguns momentos que ajudam a salvar o filme (destaque para os créditos finais, sem a habitual música a acompanhar mas sim por gravações, aqui sim reais, de pessoas que viram OVNIS e afins).

domingo, 25 de julho de 2010

Glengarry Glen Ross, de James Foley (1992)

Glengarry Glen Ross é uma história centrada num pequeno grupo de vendedores de terrenos e as dificuldades que têm em fazer o seu trabalho. No entanto, tudo piora quando recebem a visita de alguém que vem por parte dos seus clientes e dá a notícia de que se não cumprirem os objectivos, serão despedidos. Cada vendedor tenta o seu melhor, enquanto discute ou enfrenta as dificuldades das suas vidas pessoais.
Baseado na peça com o mesmo nome, o dramaturgo, argumentista e realizador David Mamet escreve esta adaptação ao cinema, sendo a peça teatral também da sua autoria. E como é vulgar nas obras escritas por Mamet, o argumento de Glengarry Glen Ross é brilhante e complexo, ajudado ainda pelos fabulosos diálogos. James Foley é o realizador de serviço e faz um trabalho extraordinário, especialmente na direcção de actores. E é neste campo que encontramos o outro trunfo desta obra: o elenco de luxo, composto por Al Pacino, Jack Lemmon, Kevin Spacey, Ed Harris, Alan Arkin, Jonathan Pryce e Alec Baldwin. E é um prazer enorme ouvir os diálogos fantásticos de Mamet ditos por estes actores.
Glengarry Glen Ross é um filme de argumento e um filme de actores. E acaba por ser uma obra estimulante e bastante interessante de descobrir. Um filme de grande qualidade, com um trabalho soberbo de todos os envolvidos. Brilhante!

sábado, 24 de julho de 2010

Event Horizon, de Paul W.S. Anderson (1997)

Depois duma nave perder-se no imenso espaço, uma pequena tripulação é enviada para a encontrar, juntamente com o criador da dita nave: Event Horizon. Após a descoberta da grandiosa nave espacial, a tripulação embarca na mesma e rapidamente descobre que algo estranho se passou e que as suas vidas estão agora em risco.
Paul W.S. Anderson (Mortal Kombat; Alien Vs. Predator; Death Race; Resident Evil) realiza este filme de F.C. e Terror e dirige bons actores com Laurence Fishburne e Sam Neill. O filme apresenta uma ideia interessante e cativante, com um bom mistério, algo claustrofóbico de início, e sempre com um bom ritmo. O filme consegue agarrar minimamente o espectador de forma que este quer saber o que se passa na nave. No entanto, os momentos interessantes decorrem na primeira hora de filme. Na meia-hora final, o filme descamba de forma irracional e deita a perder todos os trunfos que até aqui tinha ganho. O filme entra numa espiral de acção e gore, totalmente descabidos, e até os actores, que até aqui estavam bem, acabam por dar prestações miseráveis. Paul W.S. Anderson teve oportunidade de mostrar que podia ser um realizador que começava a dar umas boas cartadas no cinema (esta era a sua segunda longa-metragem, depois de Mortal Kombat) e perde a sua oportunidade quando decide envergar pela acção, pelas explosões e pela comédia ridícula e totalmente desconexada do ambiente criado anteriormente (a cena do rapaz perdido no espaço e que decide encontrar forma de voltar à nave, enquanto tem um monólogo em pleno espaço é triste!).
Event Horizon começa por ser um filme razoável e interessante mas, devido às más decisões dum realizador medíocre, o filme perde todo o sentido e deixa de ser um bom thriller para passar a ser uma mescla de violência e acção, que nada favorecem o filme. É pena o filme não ter ido parar às mãos dum realizador mais competente. Seria, de certo, algo mais interessante e bem conseguido.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Six Feet Under - Criado por Allan Ball

Allan Ball, argumentista do oscarizado American Beauty, criou esta série dramática, com um toque de humor negro, sobre a família Fisher, uma família disfuncional que tem um negócio bastante peculiar: uma agência funerária.
Depois do pai de família, Nathaniel Fisher morrer, os restantes membros ficam em choque e têm de tentar superar o duro golpe. Nate, o filho mais velho, está de visita e, a pedido da mãe, fica para ajudar no negócio de família. David, o filho do meio que sempre ajudou o pai na agência, é um homossexual reprimido e com medo de se assumir enquanto tem uma relação com Keith, um polícia. Claire é a filha mais nova, uma estudante que vê o mundo de forma diferente e que deseja ser artista. Ruth é mãe de família e, com a perda do marido, vê o seu mundo desabar e precisa da família por perto, por mais disfuncional e emocionalmente separada que esta seja.
Six Feet Under apresenta-nos argumentos e diálogos muito bem conseguidos e imaginados, para além de ser um drama extraordinário e de grande qualidade.
A primeira temporada apresenta-nos as personagens e o universo em que estão. A segunda temporada complica as histórias e relações das mesmas, conseguindo criar, por vezes, um sentimento de ódio/adoração por parte dos espectador em relação a certas personagens ou acontecimentos, sendo que no final da temporadas (e temporadas posteriores) o espectador seria recompensado. A terceira temporada apresenta-nos os destinos das personagens depois dum período mais negro (apesar dos períodos das personagens serem sempre complicados ao longo da série). A quarta e quinta temporadas são como sequelas da terceira, mostrando os acontecimentos que mudam as vidas da família Fisher.
A quinta temporada é das melhores coisas que se fez em televisão. Serve como fecho das histórias das personagens mas fá-lo de forma tão tocante e inesperada que é impossível não chocar e emocionar o espectador. Os minutos finais da série são tocantes e simplesmente geniais (para não falar do nono episódio!).
Six Feet Under surgiu numa altura em que era preciso quebrar tabus na televisão, e fê-lo de forma brilhante. O elenco escolhido é perfeito e fantástico, com representações fabulosas e extremamente tocantes em várias alturas.
Allan Ball criou uma das melhores séries dramáticas da televisão, sendo um produto inovador e de grande influência na televisão dos nossos dias. Uma série obrigatória e de grande, grande qualidade! Uma viajem única com uma família invulgar.

P.S.: A forma como o negócio funerário é embelezado na série é fantástico...

Inception, de Christopher Nolan (2010)

Cobb (Leonardo DiCaprio) é um especialista numa nova forma de roubo de informação: entrar nos sonhos das pessoas e roubar as informações desejadas. Quando é-lhe pedido para implementar uma informação na mente de alguém, Cobb e a sua equipa preparam-se para o seu maior desafio.
Falar da trama de Inception é algo complicado, já que o filme ganha bastante pela descoberta da história enquanto se vê o filme. E temos de admitir que ver Inception não é apenas ver um filme: Inception é uma experiência diferente e original, destinada a marcar tanto o género de F.C. como o cinema em si.
Christopher Nolan escreve e realiza este thriller de F.C. e cria aquela que será um marco dentro do género: a história, a complexidade da mesma, a forma e o ritmo da acção, é tudo contagiante e executada de forma brilhante.
Inception começa a abrir e nunca pára: ora temos acção, ora temos informação a ser-nos depositada. E basta uma simples distracção por parte do espectador para perder alguma informação importante para a trama. E é isso que Inception pede ao espectador: a sua atenção total durante as suas duas horas e meia de duração (que passam a correr). Se tal não for feito, o espectador corre o risco de dizer que não percebeu nada do filme. Uma simples ida ao wc pode causar tal efeito! Uma simples linha de diálogo pode conter informação vital para o filme. E isso, para além de brilhante, é complicado de conseguir. E Nolan consegue-o na perfeição.
AS cenas de acção estão fabulosas (a luta no corredor vai entrar para a história e é uma das melhores cenas dos últimos tempos), os efeitos especiais são soberbos, a fotografia é fenomenal, o elenco está fantástico (especialmente DiCaprio, Joseph Gordon-Levitt e Marion Cotillard, que está bela mas assustadora ao mesmo tempo!) e a banda-sonora composta por Hans Zimmer é, para além de poderosa, genial e uma das melhores que poderemos ouvir este ano.
Hoje em dia é difícil encontrar um blockbuster que puxe pela inteligência e que desafie o espectador a pensar. Mas Nolan consegue-o fazer uma vez mais, depois do brilhante The Dark Knight. E é isso que é pedido de vez em quando: um blockbuster adulto, inteligente, complexo e emocionante. E Inception é isso e muito mais!

As expectativas eram bastante altas e, pela segunda vez, Christopher Nolan conseguiu excedê-las. Inception é o raro blockbuster e uma verdadeira experiência cinematográfica, um filme obrigatório e que terá uma forte influência em muitos filmes que se avizinham. O melhor filme do ano, até agora. E dificilmente será superado!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Retrospectiva Christopher Nolan #6

O último filme desta retrospectiva é The Dark Knight, estreado no Verão de 2008 e que ganhou um êxito estrondoso de bilheteira, tendo sido o segundo filme mais visto de sempre nos Estados Unidos (agora ocupa o terceiro lugar, já que Avatar superou tanto The Dark Knight como Titanic).

O caos em Gotham continua. Os criminosos estão mais ferozes e o crime organizado acaba com mais força ainda. No entanto, a cidade de Gotham está prestes a conhecer o derradeiro vilão: Joker, um assassino psicopata que nada mais quer a não ser anarquia total! No entanto, a cidade tem agora Harvey Dent, promotor público adorado pelos cidadãos. Determinado a acabar de vez com o crime organizado, Dent rapidamente torna-se num alvo a abater por parte dos criminosos e, por parte de Batman, a pessoa perfeita para tomar o seu lugar como defensor de Gotham mas sem máscara.

The Dark Knight é o derradeiro 'comic book movie', o filme com o qual todos os outros filmes do género serão agora comparados. Isto porque Christopher Nolan não fez um 'comic book movie' mas sim um drama urbano, adulto e psicologicamente violento, com uma enorme carga de tensão e emoção, com uma trama complexa e um trio de personagens principais com ligações trágicas (Bruce Wayne quer ser como Dent e Joker quer destruir Dent, o símbolo de justiça que Gotham precisa). Pelo maio, temos situações que vão contra os lugares comuns (o desenrolar do triângulo amoroso entre Rachel, agora personificada pela excelente Maggie Gyllenhall, Bruce e Dent) e cenas de acção de cortar a respiração. O jogo de tensão criado por Nolan é um dos melhores jamais criados, com um suspense de cortar à faca onde é impossível o espectador não ficar colado ao filme.
Christian Bale continua o bom trabalho como Batman tal como o resto do elenco continua em boa forma. No entanto, os destaques principais vão para Aaron Eckhart (a sua interpretação é fabulosa) e para Heath Ledger, aqui no último papel completo, antes de falecer. A sua interpretação como Joker é sádica e assustadora, misturada com humor negro e uma genialidade fnatástica. Um dos melhores trabalhos de actor feito nos últimos anos, onde deixamos de ver o actor e vemos apenas a personagem (Ledger acabaria por ganhar o Óscar de melhor actor secundário após a sua morte e foi muito merecido).
The Dark Knight é um dos maiores e melhores blockbusters de sempre, provando que é possível fazer um filme desta dimensão com inteligência e que possível pegar num material destes e fazer algo adulto e complexo. Um filme brilhante em todos os aspectos!

Retrospectiva Christopher Nolan #5

O quinto filme desta retrospectiva vai é The Prestige, o filme que Nolan dirigiu no meio da saga de Blockbusters Batman.

Depois dum acontecimento trágico, dois ilusionistas entram num jogo de rivalidade sem limites, que poderá chegar a ter consequências mortais. Sempre determinados a superarem-se um ao outro e a descobrirem os seus segredos, a obsessão ganha novos limites quando cada um está cada vez mais próximo do outro.

Christopher Nolan escreve este thriller (juntamente com o irmão Jonathan Nolan) e desenvolve, de forma brilhante, um conto de obsessão e vingança enquanto cria um complexo e inteligente jogo de ilusão para com o espectador. Nada é o que parece e os vários twists estão bem engendrados. O próprio filme funciona como uma ilusão, onde as pistas são-nos apresentadas mas não queremos ver. E o twist final é o muito referido Terceiro Passo, o último passo num truque de magia.
The Prestige é um excelente thriller, bastante inteligente e que pede a atenção total do espectador, sem nunca o ofender com os twists. Acaba por ser um fime raro de encontrar hoje em dia e é, facilmente, uma das grandes obras da década passada, ao qual juntamos ainda um elenco de luxo que se apresenta em grande forma (Hugh Jackman e Christian Bale estão fabulosos).

A seguir:
The Dark Knight

terça-feira, 20 de julho de 2010

Retrospectiva Christopher Nolan #4

O quarto filme da retrospectiva de Christopher Nolan trara-se do seu primeiro blockbuster e um filme onde Nolan acabou por colocar a sua carreira em risco: Batman Begins.

Depois dos seus pais serem mortos quando era criança, o milionário Bruce Wayne cria uma eterna sede de vingança. Depois de viajar pelo mundo, onde aprende várias formas de combate, Bruce volta para Gotham City, onde a corrupção reina e o caos está cada vez mais instalado. E é aqui que surge Batman, uma faceta que Bruce utiliza para criar medo nos criminosos, de forma a tentar eliminar o crime organizado em Gotham.
Depois dos desaires que foram os Batmans de Joel Schumacher, todos pensavam que Batman estava morto no cinema. Até que Christopher Nolan apresentou uma ideia diferente da personagem, abordando temas nunca explorados acerca da personagem (os métodos de aprendizagem, por exemplo) e criando uma personagem complexa, obcecada e atormentada, cercada por uma cidade realista e algo decadente. Nolan, colocando a carreira em risco devido à opinião generalizada sobre os últimos filmes de Batman (até certos actores não queriam entrar no filme, como Morgan Freeman, devido a isso), consegue criar um Batman diferente e mais sombrio, trazendo uma adaptação extremamente fiel da personagem dos comics da DC.
Acompanhado por um elenco de luxo (Christian Bale como Batman, Michael Caine como Alfred, Liam Neeson, Morgan Freeman, Cillian Murphy, Katie Holmes, Ken Watanabe, Garu Oldman e Rutger Hauer) e com uma boa premissa, Nolan criou aquilo que é usado muito hoje em dia, devido a este filme: um 'reboot', conseguindo dissipar as opiniões formadas anteriormente e provando que consegue estar por detrás dum blockbuster e manter a qualidade, misturando elementos de filme comercial com certos elementos do cinema independente. Para além disso, consegue a proeza de juntar dois dos mais elogiados compositores do cinema actual: James Newton Howard e Hans Zimmer, que criam uma banda-sonora fabulosa e sombria. O único ponto fraco no filme é realmente Katie Holmes, onde está cercada de vários bons actores e nunca consegue elevar-se a nível representativo.
Batman Begins é um virar na carreira de Nolan, onde o público em geral começa a repara no trabalho do realizador e dando um passo arriscado (mas certeiro) no cinema comercial americano, criando aquele que é um dos melhores blockbusters da década passada e um dos melhores 'comic book movies' que já passaram pelos cinemas, mesmo conseguindo afastar-se desse género.

A seguir:
The Prestige

Retrospectiva Christopher Nolan #3

Hoje continuamos com a retrospectiva dedicada a Christopher Nolan com Insomnia, a terceira longa-metragem do realizador (e logo depois, Batman Begins, no post seguinte).

Will Dormer, um detective de Los Angeles, vai, na companhia do seu colega, ajudar na investigação dum caso de assassinato no Alaska, num local onde a noite permanece tão clara como o dia.
Depois de se depararem com uma pista importante para a resolução do caso, conseguem cercar o local onde poderão encontrar o assassino. No entanto, as coisas correm mal e Will, inesperadamente, dispara sobre o seu parceiro, matando-o. Com a ameaça da investigação dos Assuntos Internos no departamento de Los Angeles e com o seu colega a afirmar que vai fazer um acordo, Will, atormentado pela insónia dos dias sem noite da pequena cidade, fica na dúvida se matou o colega por acidente ou propositadamente. E é aqui que surge o assassino, que viu tudo e que é culpado pela morte do polícia.
Al Pacino é o protagonista de Insomnia, um thriller que é um remake do filme sueco do mesmo nome (que ainda não vimos). Ao lado de Pacino encontramos Hillary Swank e Robin Williams, no papel improvável do assassino. E neste campo dos actores, estamos muito bem servidos. Swank está em forma, Williams é, surpreendentemente (e como o fora em One Hour Photo), um excelente vilão e Pacino percorre caminhos nunca caminhados na sua carreira, com uma interpretação dum homem atormentado e obcecado (algo vulgar no cinema de Nolan) e apresenta-nos uma interpretação fabulosa (aliás, Insomnia é o último filme bom de Pacino!).
O argumento, apesar de não ser original, está bem estruturado e segue uma narrativa clássica, conseguindo proporcionar excelentes momentos dramáticos e de tensão. Quanto à realização de Nolan, aqui num terreno mais vulgar que Memento, é um trabalho sólido e seguro com uma boa direcção dos actores e um ritmo apropriado ao filme.
Insomnia é um dos trabalhos (senão o) mais vulgares de Nolan. No entanto, mesmo com um material pouco original mas bem estruturado e escrito, o realizador consegue criar aquele que é um dos melhores thrillers da década passada e um dos melhores trabalhos de Al Pacino. Um thriller obrigatório e de grande qualidade.

A seguir:
Batman Begins

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Trailers

Hoje vou aqui colocar três trailers de filmes que começam a criar um certo buzz pela net fora.

Começamos com este trailer de The Social Network (trata-se, na verdade, do segundo trailer disponível), a nova obra de David Fincher que retrata a origem dessa grande rede social, Facebook. Jesse Eisenberg é o protagonista e este trailer é, simplesmente, um dos melhores do ano, com um início fabuloso e acompanhado por uma versão fantástica de Creep, dos Radiohead:


De seguida temos Due Date, a nova comédia de Todd Phillips, o realizador de The Hangover. Desta vez, Phillips tem Zack Galifianikis de regresso, com Robert Downey Jr. e Jamie Foxx ao seu lado. O filme promete ser um dos grandes êxitos do Outono e estreia em Portugal no final do ano (The Social Network estreia em Dezembro):


Finalmente, temos o trailer de The Town, o segundo filme realizado por Ben Affleck, desta vez também por si protagonizado. Ao lado de Affleck, temos Jon Hamm, Rebecca Hall, Chris Cooper e Jeremy Renner. O trailer aumenta muito as expectativas para esta obra e o filme estreia no Outono nos Estados Unidos:

Retrospectiva Christopher Nolan #2

O segundo filme da retrospectiva dedicada a Christopher Nolan é Memento, a sua segunda obra.
Depois da sua mulher ser violada e morta, Leonard Shelby decide procurar vingança. O problema é que, ao tentar auxiliar a sua mulher no momento trágico, foi agredido e isso fez com que Leonard não consiga ter memórias recentes, sendo que a cada momento pode esquecer o que acabou de fazer (um dos melhores exemplos usados pelo protagonista é o facto de iniciar uma conversa e poderá chegar a meio e não se recordar de como tal diálogo começou). No entanto, Leonard cria um método que permite-lhe reunir informações de forma organizada, de forma a criar um sistema em que possa caçar o assassino da sua esposa.
Memento é a segunda obra de Nolan, escrita também pelo realizador (baseado num pequeno conto da autoria de Jonathan Nolan, seu irmão) e é uma obra inteligente, complexa e extremamente bem criada. Nolan consegue criar um puzzle autêntico, recorrendo a flashbacks e flashforwards, de forma a fazer com que o espectador tente colocar as peças por ordem para que possa juntar o puzzle. A narrativa tem dois rumos: as sequências a preto e branco são o início da história (isto rapidamente se percebe no filme) e as sequências a cores contam-nos a trama desde o fim até ao momento inevitável em que tudo será conectado. O espectador apenas tem de estar com toda a atenção, juntar todas as peças e tentar perceber a história que nos é contada. E mesmo começando a história pelo final, Nolan consegue surpreender-nos com um bom twist final.
Guy Pearce é o protagonista e te aqui um dos grandes momentos da sua carreira, numa interpretação bastante notável e bem acompanhado do sempre excelente (e subvalorizado) Joe Pantoliano e Carrie-Anne Moss.
Memento é uma obra genial que funciona como um quebra-cabeças para o espectador, um filme independente que obriga o público a dar toda a sua atenção e pensar no que vê, tudo apresentado por boas interpretações, uma realização excelente e um argumento invulgar e extremamente complexo e inteligente, com uma estrutura diferente e muito bem construída e pensada. Um dos melhores filmes da década passada e um dos filmes predilectos deste que vos escreve. Uma obra obrigatória!

A seguir:
Insomnia

The Invention of Lying, de Ricky Gervais e Matthew Robinson (2009)

Num mundo onde todos dizem a verdade, por mais chocante que seja, Mark Bellison, num acto de desespero, consegue dizer uma mentira, criando assim o conceito da mesma. Com tal 'poder' e apercebendo-se que toda a gente acredita no que diz (já que ninguém sabe o que é mentir), Mark começa a usar isso para melhorar a sua vida e as dos outros.
Escrito e realizado por Ricky Gervais e Matthew Robinson, The Invention of Lying é um filme que acaba por dividir-se em dois: a primeira parte é comédia, com uma premissa interessante e que dá bons frutos; a segunda parte é um drama com algumas pitadas de comédia, onde a história acaba por ser levada a certos locais algo estranhos (temos, por exemplo, a estranha criação da ideia de religião!). E é neste ponto que o filme perde: com uma ideia interessante e que começa bem, o filme muda radicalmente na segunda parte, perdendo o rótulo de comédia e ficando algo mais sério (no entanto, podemos dizer que Gervais não se sai nada mal no campo dramático!). Apesar disso, acaba por ser um filme ligeiro, com algns momentos divertidos e com boas prestações dos comediantes envolvidos (temos Gervais, Jonah Hill e Tina Fey num papel curto). Rob Lowe é o vilão de serviço e não está mal e Jennifer Garner é o suposto par romântico de Gervais (e aqui está igual aos seus outros filmes românticos). Temos ainda uns cameos interessantes e bem conseguidos (Phillip Seymour Hoffman e Edward Norton são os dois exemplos mais claros).
The Invention of Lying é um filme interessante com uma ideia apelativa. No entanto, ficamos com a sensação que podia ter ido mais longe e ser mais arriscado e divertido, especialmente com a premissa aqui criada. Acaba por ser uma oportunidade perdida mas um filme interessante de descobrir.
Agora falta chegar até nós Cemetery Junction, o coming-of-age drama escrito por Gervais e Stephen Merchant (que aqui também participa), os criadores de The Office e Extras, com Ralph Fiennes e Gervais em papel secundário. E as críticas têm sido boas!

domingo, 18 de julho de 2010

Retrospectiva Christopher Nolan #1

Hoje começamos com a retrospectiva dedicada a Christopher Nolan. O primeiro filme que vimos foi a sua primeira longa-metragem, Following, um thriller independente britânico, com um elenco desconhecido mas que apresenta vários pormenores que já são vulgares na filmografia de Nolan.
Following conta-nos a história de Bill, um homem que desenvolve um gosto de perseguir pessJustificar completamenteoas que vê na rua. Quando Bill conhece Cobb (curiosamente o mesmo nome da personagem de Leonardo DiCaprio em Inception), a vida do primeiro muda. Cobb tem um outro vício, igualmente peculiar: entra nas casas das pessoas, quando estão vazias, investiga e mete-se na vida privada dos habitantes das mesmas. No entanto, as coisas não são bem o que parecem.
Following é escrito e realizado por Christopher Nolan e passou por vários festivais de cinema, onde recebeu bastantes elogios por parte da crítica especializada. E esta sua primeira obra é um objecto curioso, já que podemos encontrar vários pormenores vulgares no cinema de Nolan: Following tem uma narrativa não linear, utilizando flashbacks e flashforwards (algo utilizado de forma brilhante em Memento) de forma engenhosa, criando uma espécie de puzzle (tal como acontecera com Memento).
O argumento e os diálogos estão muito bem conseguidos, sendo sempre inteligentes e bem construídos. Os actores (os desconhecidos Jeremy Thedbald e Alex Haw são os protagonistas) estão fantásticos e a realização de Nolan é exemplar (para não falar da fotografia, em glorioso Preto e Branco).
Following é um filme de baixíssimo orçamento mas que está muito bem executado na parte de realização, escrita, interpretação e também nos aspectos técnicos. É uma primeira obra de grande qualidade e um prelúdio para o que Nolan faria de seguida.

A seguir:
Memento

Green Zone, de Paul Greenglass (2010)

O Sargento Chefe Roy Miller está no Iraque com a sua equipa para descobrir as armas de destruição massiça pertences a Saddam Husein. No entanto, depois de várias missões com informações erradas, Miller questiona-se de onde tais informações vêem e descobre que têm origem no próprio governo americano. Miller embarca assim numa busca pela verdade, onde terá de ir contra as ordens dos seus superiores, de forma a desmascarar a verdade sobre as armas.
Paul Greengrass e Matt Damon voltam a reunir-se depois dos últimos dois capítulos da saga Jason Bourne, uma saga que marcou o cinema de acção. Desta feita, Greengrass decide olhar para as causas que levaram o governo americano a invadir o Iraque e derrubar Saddam, em 2003, aproveitando para dar a sua visão sobre a polémica das armas de destruição massiça que nunca foram encontradas. O realizador dá-nos assim um tema forte que pode originar algumas discussões. O problema é que o filme vem uns anos tarde demais, numa altura em que tal questão não é assim tão discutida.
Apesar do mau timing da estreia do filme, temos aqui um bom thriller de acção, com Damon em grande forma, acompanhado de Gregg Kinnear e Brendan Gleeson. Greengrass apresenta-nos, uma vez mais, uma realização sólida, apesar desta ser a sua obra menos bem conseguida. As sequências de acção (especialmente a última) estão bem orquestradas e com uma boa montagem, proporcionando um ritmo alucinante às mesmas.
Green Zone é um filme que veio uns anos tarde demais, acerca dum tema que não se fala tanto hoje em dia. No entanto, acabamos por ter um bom espectáculo de acção e um bom thriller. Não sendo um digno sucessor da saga Bourne, não deixa de ser um filme acima da média.

sábado, 17 de julho de 2010

Retrospectiva Christopher Nolan

Hoje iniciamos a nossa retrospectiva dedicada a Christopher Nolan, devido à estreia de Inception na próxima Quinta-Feira. A retrospectiva culminará com a mais recente obra do realizador, obra essa que está a ser alvo de críticas fabulosas. Muitos consideram Inception um futuro clássico da Ficção Científica (e não só) e uma obra que será de grande influência. Na próxima semana descobrimos. Até lá, vamos revisitar as obras anteriores de Nolan, começando com o pouco conhecido e pouco visto Following, um thriller britânico independente que foi a primeira longa-metragem do cineasta. Amanhã aqui daremos a nossa opinião.

Knight and Day, de James Mangold (2010)

June (Cameron Diaz) e Roy (Tom Cruise) conhecem-se no aeroporto antes de embarcarem para o avião que irão partilhar. No entanto, depois duma longa conversa, Roy mata a tripulação do avião e June descobre que ele é um agente secreto que decidiu agir por conta própria, indo contra os seus superiores. Decidido a protegê-la, Roy persegue June, certificando-se que ela permanece vida e que descubra a verdade sobre si.
Knight and Day marca o regresso de Tom Cruise ao cinema de acção, neste caso com uma mistura de comédia e romance. Cameron Diaz é a sua companheira de ecrã e acabam por fazer uma boa dupla (no entanto, uma actriz mais talentosa teria resultado melhor). Enquanto que Cruise brilha num papel em que se sente confortável (e ele aqui está bastante bem), Diaz acaba por também entrar no registo da comédia onde já está mais habituada.
James Mangold (3:10 to Yuma; Walk the Line) é o realizador de serviço e, apesar de não ser um trabalho extraordinário, apresenta-nos uma realização sólida e algo clássica, onde cada plano nas sequências de acção mostram-nos o que se passa, tudo ajudado por uma boa montagem (algo que hoje em dia não se encontra tantas vezes, com as câmaras tremidas e montagem ultra-rápida, onde Paul Greenglass triunfou nos filmes Bourne mas que já foi imitado até à exaustão por realizadores menos competentes). Felizmente, Mangold optou por uma realização mais clássica neste aspecto.
O argumento não é nada por aí além, cheio de lugares comuns e diálogos previsíveis. No entanto, acaba por ser competente o suficiente para dar umas boas gargalhadas.
Knight and Day não é um grande filme mas é divertido e resulta num bom entretenimento de Verão, com boas cenas de acção, boas doses de comédia e dois protagonistas que nos convencem e que estão em boa forma. Um exemplo perfeito de entretenimento escapista e um bom filme de Verão. Missão cumprida.

O Movie Wagon está de volta!

Depois duma pausa algo longa, o nosso cantinho cibernético está de regresso, mesmo a tempo de Inception, que estreia na próxima Quinta-Feira, dia 22. Pedimos desculpa a todos os nossos seguidores pela ausência algo longa mas estamos de regresso! E as férias souberam bem!