domingo, 10 de agosto de 2008

The X-Files: I Want to Believe - de Chris Carter (2008)

Passados seis anos após o fim da série (e dez anos após o primeiro filme), as míticas personagens Fox Mulder e Dana Scully regressam.
Chris Carter, o criador da série, escreve e realiza esta nova aventura da saga X-Files, tentando aqui criar uma história separada da mitologia que ocorria na série, criando um episódio isolado e dando a conhecer onde estão agora Mulder e Scully.
O filme tem desde o início um problema: tenta ser um filme para agradar a todos (fãs e os que não são fãs) mas esta revela-se uma tarefa difícil quando Carter acaba por recorrer a eventos que tomaram lugar na série e a personagens que apenas os fãs (e que seguia regularmente a série) conhecem. Desta forma, os 'não-fãs' poderão sentir-se algo perdidos. E depois temos o argumento. Carter cria um mistério algo fora do contexto X-Files, onde de paranormal tem de pouco e tenta concentrar-se mais nas duas personagens principais e nas suas crenças e dúvidas, aqui entrando num registo comum na série e que era algo sempre bem conseguido (e aqui acaba por não ser excepção e dá-nos mais um elemento digno da série, para além das personagens). Enquanto que o enredo acaba por cair no thriller do costume, sem grandes surpresas, as personagens de Mulder e Scully acabam por estar bem conseguidas, sendo este um dos pontos fortes do filme.
É sempre bom ver estas duas personagens e os seus conflitos interiores (algo mais evidente na persinagem de Scully) e, apesar de terem passado seis anos, a quimíca entre David Duchovny e Gillian Anderson mantém-se forte e digna sucessora da série. Quando ao filme, temos aqui o equivalente a um episódio da série (e não dos melhores), onde Carter tenta agradar os fãs e chamar um público novo, perdendo-se pelo meio e dando algumas sequências desnecessárias ao argumento e ao público (a história de Scully tentar salvar a criança é algo mal conseguida e não muito convincente e fora do contexto da série, sendo até um pouco lamechas demais. Compreende-se a inclusão de tal elemento mas poderia ser desenvolvido de outra forma mais bem elaborada) e há aqui algo que se perdeu, a magia que a série teve durante tanto tempo (pelos menos durante os seis anos iniciais e durante grande parte da sétima série).
Ainda assim, acaba por ser algo superior à última temporada da série (é um passo em frente, comparada com esta) e, tendo sido mais bem elaborado e desenvolvido, puderia ter-nos oferecido mais um grande capítulo de X-Files. Mas acaba por ser uma boa fuga aos grandes blockbusters recheados de CGI que estão muito presentes nos nossos cinemas (preferia ver este X-Files de novo do que ver o terceiro filme da Múmia). Não desgostei do filme (muito devido ao facto de não ter colocado as expectativas em alta, apesar de aguardar impacientemente o filme, sendo grande fã da série). E é sempre bom ver Mulder e Scully de novo e numa relação tão próxima como vemos aqui.
Não é nada do outro mundo e muitos fãs irão ficar desiludidos. Mas muitos outros irão gostar (não adorar) e lamentar que esta seja a última vez que iremos ver estas personagens (devido aos fracos resultados de bilheteira, Carter de certo não terá luz verde para realizar um terceiro filme e assim, não poderemos ver aquilo que muitos queriam ver: uma possível conclusão da mitologia que percorreu a série e uma resolução ao final em aberto da série). Mas ficando até ao final do genérico, temos uma boa despedida de Mulder e Scully (e sabendo que não os veremos mais, até será uma despedida sentida, de duas das mais bem elaboradas e adoradas personagens da história da televisão).

P.S.: o momento da fotografia de Bush no FBI está bem conseguida (entrando assim no registo cómico e satírico que a série muitas vezes tinha). É pena é o remix do tema da série no fim.

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