terça-feira, 1 de setembro de 2009

Verão 2009 - Um pequeno resumo

A temporada de blockbusters está praticamente terminada. As grandes apostas dos estúdios já viram a luz do dia e, neste Verão, houveram resultados inesperados. Vamos fazer aqui uma pequena análise sobre os maiores sucessos e os maiores fracassos desta temporada que agora terminou. Começamos com o filme que inaugurou a 'silly season': X-Men Origins: Wolverine.
A prequela da saga X-Men traz de volta Hugh Jackman como a personagem mais conhecida do universo mutante da Marvel. A Fox, que foi o estúdio com mais fracassos do ano passado (o maior êxito do Verão foi o pobre What Happens in Vegas, com cerca de 85 milhões), decidiu abrir a temporada de Verão com este novo capítulo de X-Men. A estreia foi fantástica (85 milhões) mas o filme teve uma grande descida na semana seguinte. No entanto, acumulou nos Estados Unidos 180 milhões e assegorou a sequela. Na semana seguinte, estreia um dos maiores êxitos do ano: Star Trek.
J.J. Abrams, co-criador de Lost, realiza a sua segunda longa-metragem (depois de M.I-3) com esta nova aventura de Star Trek. O elenco é novo (à excepção de Leonard Nimoy) e o filme é uma sequela/prequela inteligente e um verdadeiro exemplo de filme blockbuster: emocionante, divertido, com uma boa história e boas interpretações. Por outras palavras, um bom caso de cinema espectáculo bem executado. E, mais importante, um filme (o 11º da saga) feito para os fãs e para todos os outros. Resultado:
o marketing resultou, o filme estreou com 79 milhões e, com o passa-palavra bastante positivo, teve sempre pequenas descidas e acumulou até agora 256 milhões, um dos maiores e melhores blockbusters do ano.
Na segunda semana de exibição de Star Trek (que foi por um triz que não ficou de novo em primeiro lugar), deu-se a estreia de Angels & Demons, a sequela de The DaVinci Code.
Tom Hanks voltou a reunir-se com o realizador Ron Howard e tentaram repetir o êxito de DaVinci. No entanto, o livro de Dan Brown de Demons não é tão popular como DaVinci (e a Sony não esperava repetir os 217 milhões do primeiro filme) e uma boa parte do público ficou desiludida com a primeira parte do filme. Demons era um filme melhor, um entretenimento passavél, com Hanks em melhor forma mas o filme estreou com 46 milhões e chegou aos 133 milhões, sendo considerado uma pequena (mas não grande) desilusão.

Na semana seguinte, estreiam dois filmes de peso: duas sequelas, uma para a família, outra para os mais adultos. No entanto, só uma poderia ganhar e foi quem menos se esperava.
Primeiro falamos do vencedor: Night at the Museum: Battle at the Smithsonian. Esta sequela do mega-êxito de Ben Stiller estreou com 70 milhões em 5 dias de exibição (o primeiro teve uma estreia menor mas aguentou mais tempo nas bilheteiras, já que estreou na época de Natal) e, apesar de não ter feito os 255 milhões do primeiro, acumulou uns excelentes 175 milhões até à data, dando mais um êxito à Fox (depois de X-Men Origins) e dando uma improvavél vitória ao filme para a família.


Nesse mesmo fim-de-semana estreia Terminator Salvation, o quarto filme da saga Terminator. McG, o realizador de Charlie's Angels, assume a direcção e os protagonistas são Christian Bale e o desconhecido (por agora) Sam Worthington (o verdadeiro protagonista do filme). O filme perde a corrida ao primeiro lugar, fazendo 65 milhões em 5 dias e, após as grandes descidas das semanas seguintes, faz 125 milhões nas bilheteiras. O custo foi de 200 milhões e o filme ficou aquém das expectativas.

Logo a seguir, temos outro dos grandes êxitos do ano. O novo filme da Pixar, Up, para além de ser um dos filmes mais aclados (justamente) do ano, tem uma excelente estreia de 68 milhões. Nas semanas seguintes, o filme mantém-se extremamente bem e chega até aos 290 milhões (até agora), tornando-se no segundo filme mais rentável da Pixar, depois de Finding Nemo.


A 5 de Junho estreiam The Hangover e Land of the Lost, duas comédias distintas e com grandes expectativas nas bilheteiras. Quem ganha, por uma grande margem, é The Hangover, uma comédia de Todd Phillips e com actores algo desconhecidos do grande público. O filme, distribuído pela Warner, teve uma excelente publicidade e o estúdio apostava inteiramente no filme (mas nunca esperando ter o êxito que teve). O resultado foram duas semanas em primeiro lugar e um rendimento exorbitante de 270 milhões (o filme custou 30) e um filme bastante adorado pela crítica e pelo público. Em quarto lugar estreou Land of the Lost, da Universal, com a mega estrela da comédia americana Will Ferrell. O filme rendeu apenas 18 milhões no fim-de-semana de estreia e acumulou apenas 49 milhões até à data (custou 100), sendo considerado o flop do ano (deverá ser lançado directamente para DVD entre nós). Lost marcou o primeiro flop da Universal neste Verão.

Dois fins-de-semana depois, após The Hangover permanecere em primeiro lugar, estreia The Proposal, uma comédia romãntica com Sandra Bullock e Ryan Reynolds. O filme marca o regresso da actriz ao género e acaba por ser a melhor estreia da sua carreira (33 milhões) e revela ser o maior êxito de sempre para a actriz (160 milhões). Nesse mesmo fim-de-semana, estreia Year One, com Jack Black e Michael Cera e, apesar duma estreia razoavél (19 milhões), o filme teve grandes descidas depois e ficou-se pelos 40 milhões. O filme será lançado directamente em DVD entre nós.

A 24 de Junho, estreia Transformers: Revenge of the Fallen, o mega blockbuster de Michael Bay, sequela o enorme êxito de 2007. O filme estreia com uns grandiosos 108 milhões, fazendo 200 milhões em 5 dias, pagando o filme. O filme, apesar de ter sido devastado pela crítica, aguenta-se bastante bem nas bilheteiras (ficou em primeiro lugar uma segunda semana) e, neste momento, está prestes a quebrar a barreira dos 400 milhões. É o maior êxito do ano. Na semana seguinte, resiste a dois filmes fortes.

A 1 de Julho, estreiam duas apostas fortes: Ice Age 3 e Public Enemies. Ice Age estreia em segundo lugar com uns excelentes 66 milhões em 5 dias e Enemies estreia em terceiro com uns bons 40 milhões em 5 dias. No entanto, Ice Age consegue aguentar-se melhor (como seria de esperar) e chega até aos 192 milhões. Enemies acaba por ter umas consideráveis descidas e luta até aos 97 milhões, com poucas hipóteses de chegar aos 100 milhões. A Universal perde mais uma hipótese de quebrar tal barreira, ficando agora com Bruno e Funny People com essa tarefa.

Apesar de não ser considerado um fracasso (embora fosse esperado um resultado mais satisfatório) Enemies prova que algo acontece nesta temporada: filmes com grandes nomes do cinema estão a ter resultados mais abaixos do esperado (começou com Angels & Demons, Terminator Salvation, o remake Taking Pelham 123 também ficou aquém das expectativas, apenas para referir uns casos), enquanto que filmes com actores desconhecidos fazem rios de dinheiro no box-office (Star Trek, The Hangover, por exemplo), algo que acaba por ser invulgar, provando que nem sempre é pelos nomes envolvidos que o público enche salas.


A seguir temos a estreia de Bruno, outro filme da Universal (por cá foi distribuído pela Sony). O filme tem um bom dia de estreia (14 milhões mas algo invulgar acontece: o filme sofre uma grande descida de Sexta para Sábado (39%), dando um resultado de 30 milhões para o fim-de-semana, quando podia ter sido mais (Borat estreou em menos salas e fez 26 milhões, por exemplo). O público não apreciou o filme e as descidas foram sempre na casa dos 65%, dando a Bruno uma luta para chegar aos 60 milhões. A Universal, que pagou 43 milhões pelos direitos de distribuição nos Estados Unidos, não ficou contente.

Para dificultar as coisas a Bruno, no fim-de-semana seguinte estreia o sexto capítulo de Harry Potter. O filme, em 5 dias, rende uns fabulosos 158 milhões e aguenta-se bem nas bilheteiras. Até ao momento, já acumulou 294 milhões e é já o segundo filme mais lucrativo da saga, após o primeiro (o único a passar os 300 milhões).

Inesperadamente, quando esperava-se um segundo fim-de-semana liderado por Potter, o lugar é-lhe roubado por G-Force, uma outra aposta da Disney (após Up e The Proposal). O filme é lançado em 3D (formato que está a fazer furor nas bilheteiras, com este filme, Up, Ice Age 3) e acumula 31 milhões. O filme já rendeu 111 milhões e é mais um êxito para a Disney (estreia a 1 de Outubro em Portugal).

A última grande aposta de Universal é Funny People, o novo filme de Judd Apatow, cujos filmes anteriores foram grandes êxitos. O filme tem como protagonistas Adam Sandler (7 anos consecutivos com comédias a fazerem mais de 100 milhões), Seth Rogen e Leslie Mann. Apesar do elenco forte, o tema (um comediante que descobre que vai morrer) não é muito apelativo entre o grande público, fazendo com People estreia com 22 milhões, bom para o tema em questão mas não para a equipa envolvida. O público, nas semanas seguintes, abandonou o filme e, até agora, rendeu 51 milhões, quebrando o ritmo de Sandler e dando mais um filme fracassado ao estúdio.

Chega o mês de Agosto. As coisas no box-office tendem a acalmar neste mês. Os estúdios lançam os últimos 'tiros' da temporada. E o último 'tiro' da Paramount é G.I. Joe, um filme que muitos tinham expectativas nulas e que esperava-se um flop gigantesco. A Paramount, ciente dessa situação, criou uma publicidade invulgar e conseguiu provar que o filme não era tão mau como se pensava (era melhor que Transformers e, pessoalmente, é um filme totalmente escapista e mindless) e consegue uns bons 54 milhões na estreia. O filme, que tem agunetado bem, já acumulou 132 mulhões e deverá ficar-se pelos 150, dando um resultado sólido ao estúdio. A sequela já está confirmada.

No fim-de-semana seguinte, estreia District 9, um filme onde a única pessoa conhecida é o produtor Peter Jackson. Esperava-se uma estreia de 23 milhões (devido ao bom marketing da Sony e ao forte impulso promocional nos dias antes da estreia) e superou com uns grandes 37 milhões. O filme até agora já tem 90 acumulados e prepara-se para ultrapassar os 100 milhões, sendo um grande êxito.

No entanto, neste mês supostamente mais calmo, a seguir estreia Inglourious Basterds, o novo filme de Quentin Tarantino, com Brad Pitt. Novamente, esperava-se uma estreia de 23 milhões e fez 37 milhões, sendo a melhor estreia de Tarantino. O filme no seu segundo fim-de-semana chega aos 73 milhões (tal como District 9) e prepara-se para acabar nos 125 milhões, sendo mais um filme a entrar no território de blockbuster. O filme é da Weinstein e co-financiado pel Universal, aqui com o seu maior êxito.

Este fim-de-semana que passou, as expectativas foram novamente superadas. Final Destination 3D (o quarto da saga) estreia com 27 milhões (mais um êxito do formato 3D) e Halloween 2, de Rob Zombie estreia com 16 milhões (uma descida em relação ao primeiro filme mas eram os resultados esperados pelo estúdio, Weinstein, que já confirmou uma sequela, já que o filme apenas custou 15 milhões e será rentável).

Estas últimas estreias quebraram o ritmo calmo esperado no mês de Agosto e provaram que são os filmes mais pequenos que têem surpreendido nas bilheteiras este ano (no início do ano tivemos casos como Gran Torino, Taken, Slumdog Millionaire e Paul Blart - Mall Cop, que foi para DVD entre nós, que foram enormes êxitos e filmes que aguentaram-se, invulgarmente, nas bilheteiras).
Esta semana parece ser algo mais calma. No entanto, a tendência tem sido para surpreender. E tal poderá acontecer.
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