Clint Eastwood, aos 78 anos, apresenta-nos duas obras em apenas 3 meses. A primeira é Changeling - A Troca e trata-se, simplesmente, do primeiro grande filme deste novo ano.
O filme conta-nos a história real de Christine Collins, uma mãe solteira cujo filho de 9 anos desaparece. 5 meses depois, a polícia diz ter encontrá-lo. No entanto Christine insiste que não se trata do seu filho, criando assim uma polémica e dura luta contra as forças policiais. É importante referir que trata-se duma história verídica devido aos seus contornos que muitos poderiam dizer serem irrealistas. O filme começa por contar o desespero de uma mãe por querer encontrar o seu filho desaparecido e, pelo caminho, aborda temas como a corrupção policial, o abuso do poder da força policial sobre os cidadãos e ainda o desaparecimentos de crianças. Enquanto que o filme tem lugar nos anos 20 e 30, os seus temas são assustadoramente actuais.
Eastwood tem aqui uma realização exemplar, uma vez mais, prendendo a atenção do espectador desde o início (com o excelente logotipo da Universal dos anos 20 e 30 e a fotografia a preto e branco) até ao fim (com o final a preto e branco e com um excelente plano). A fotografia e a reconstituição da época são extraordinários e Angelina Jolie tem aqui um desempenho muito bem conseguido, digno da estatueta dourada. A personagem de Christine Collins será, provavelmente, a personagem feminina mais dura da filmografia de Eastwood. A banda sonora, composta pelo realizador, relembra-nos que estamos no universo Eastwood, composta de forma brilhante e sempre com um tom calmo mas intenso, por vezes (tal como o filme).
Com Changeling - A Troca, Eastwood prova-nos, uma vez mais que, com a idade, o seu talento e génio tornaram-se grandes. Poderá não ser a melhor obra do cineasta mas está entre as melhores, sem dúvida. Um filme único e uma verdadeira lição sobre cinema. É pena não haverem mais filmes assim.
Hélder Almeida e Tânia Relvas
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