sábado, 29 de agosto de 2009

Inglourious Basterds, de Quentin Tarantino (2009)

Era uma vez, na França ocupada pelos Nazis...
É assim que começa a nova obra de Tarantino, uma pequena frase que serve para avisar que esta é uma história que não será fiel ao que aconteceu na realidade, mas sim uma forma de Tarantino de ver a guerra. O enredo é simples: um grupo de soldados sem lei, The Basterds, estão encarregues de explodir um cinema onde passará uma ante-estreia de um filme de propaganda alemã, ante-estreia essa que será assistida pelos membros mais poderosos da Alemanha, incluindo Adolf Hitler. Pelo meio, temos ainda uma história de vingança, ao bom estilo de Tarantino.
Inglourious Basterds é um regresso aos filmes de guerra dos anos 50 e 60 mas 'Tarantino Stile'!. O realizador pega no género e não o reinventa... Em vez disso, respeita-o e pega em todos os seus clichés e dá uma volta de 380 graus, criando uma hábil história de guerra e de vingança como nunca vimos. O argumento do cineasta (que já trabalhava neste filme há anos) é algo brilhante e original, onde encontramos os habituais diálogos de Tarantino, servidos por actores de excelência (já lá vamos!) e sempre construídos de forma pormenorizada e imaginativa, tornando os diálogos numa forma de arte fantástica (um dos pontos fortes em todas as obras do realizador). Cada capítulo pode ser visto como um filme diferente, já que muda sempre de registo (destacamos o primeiro capítulo, a introduzir a grande personagem de Hans Landa, o romance francês do terceiro capítulo e o suspense de cortar à faca do quarto capítulo). Para além disso, temos mais uma prova do vasto conhecimento e paixão que tem pela arte do cinema, com várias referências ao cinema alemão e francês. Como é habitual, tudo é servido por uma banda-sonora épica e soberba, proporcionando grandiosos momentos de cinema (a preparação de Shossana para a vingança final, ao som de David Bowie, deverá entrar para a história). Depois, temos a sempre magnífica realização de Tarantino: o seu trabalho com a câmara é algo impressionante, os planos são cuidados e a direcção de actores simplesmente brilhante (como já disse, já lá vamos). A montagem (outro ponto forte nos seus filmes) destaca-se de forma fantástica, dando o ritmo certo ao filme nos seus momentos certos, tudo acompanhado por uma fotografia fenomenal.
A nível de interpretações, destacamos Brad Pitt, Melanie Lauren e, especialmente Christophe Waltz. Pitt, como Aldo Raine, é mais uma prova do seu imenso talento, interpretando a sua personagem de forma hilariante. No entanto, Lauren e Waltz entram num registo diferente: a actriz interpreta uma personagem em busca de vingança, interiorizando os seus sentimentos e é filmada de forma divinal por Tarantino (ela é a sua diva no filme). Quanto a Waltz (vencedor do prémio de melhor actor em Cannes), a sua personificação como Hans Landa é algo histórico: para além de Tarantino ter criado uma personagem fantástica, o actor dá-lhe vida duma forma inacreditável, sendo Landa um homem simpático e acolhedor, ao mesmo tempo que é manipulador, ameaçador e sádico. No entanto, junta todas essas qualidades de forma hilariante, fazendo com que o espectador goste da personagem. Waltz passa de um registo cómico para um registo dramático e perigoso de uma forma tão natural que deixa qualquer um de boca aberta. Esta será uma interpretação a ter em conta para os próximos Óscares e Landa será um dos melhores vilões da história do cinema. Absolutamente divinal.
Inglourious Basterds é uma prova do enorme talento de Quentin Tarantino, mostrando que o cineasta está mais maduro e que tem ainda muito para dar. Uma das suas melhores obras (é difícil superar o seu grandioso Pulp Fiction, mas este está mesmo atrás!). O melhor filme do ano!

O melhor:
Tudo é soberbo, mas destacamos a realização, a banda-sonora, o suspense do quarto capítulo (uma das melhores cenas dos últimos anos) e Pitt, Lauren e o grandioso Christophe Waltz.

O pior: Sem sombra de dúvida, Eli Roth. Felizmente, Tarantino acaba por não dar destaque à sua personagem, fazendo com que não seja algo que afecte o filme minimamente.

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